Há quem compreenda a grandeza que têm os momentos de brincadeiras e diferentes tipos de experiências necessárias na fase da pré alfabetização e, ainda, os que têm dúvida quanto a sua necessidade.
Nesta fase da infância, a autonomia, que ainda necessita de muita assistência, se apresenta de maneira mais independente e o trabalho de desenvolvimento das habilidades pode ser percebido através das colocações de cada uma das crianças. Professores, responsáveis e conhecidos vão percebendo que os interesses delas mudam, vão ganhando forma. Nesse período, os desafios propostos a eles começam a fazer mais sentido, logo, o desejo de conseguir alcançar o objetivo de uma tarefa, se torna mais explícito, tornando brincadeiras ou jogos que parecem simples, em grandes aliados nesse processo.
No cotidiano escolar, as interações com o grupo apresentam aos menores, noções de compreensão de si próprio, do outro e do todo. É onde acontece a ampliação do vocabulário, afetos e desafetos gerados por conta de um mesmo interesse ou não, compreensão de espaço individual e coletivo e, ainda, a noção de tempo, entre outros.
No dia a dia escolar também é quando eles começam a se sentirem ou não parte do meio em que se encontram, fazendo suas colocações sem pudor, sendo pertinentes ou não, ainda que, com este último, lhe seja apresentada a hora em que se deve ou não falar o que foi pensado diante de uma situação. Essas noções os acompanharão por toda a existência e os encaminharão de maneira eficaz em suas vidas acadêmicas.
Garantir vivências como as acima citadas, dentro de um espaço escolar, significa respeitar as etapas de desenvolvimento do ser humano e, acima disso, acreditar que elas são válidas e especiais, por isso, se dá a necessidade do investimento e acompanhamento desse momento, que é uma ótima oportunidade para trabalhar a confiança de cada um deles. Essa mesma lhe será necessária para superar os desafios que encontrarão nos percursos de suas vidas acadêmicas.
“Um dos maiores danos que se pode causar a uma criança é levá-la a perder a confiança na sua própria capacidade de pensar”
Emília Ferreiro
A fase da pré alfabetização é muito importante no processo de formação do indivíduo. As conquistas adquiridas nessa fase, permitem que o ser se desenvolva por completo, sem que etapas preciosas fiquem sem a observação e orientação de um profissional que o ajudará pelo caminho a ser percorrido. Todo aluno precisa ter a oportunidade e o tempo para pensar.
Trabalhar o corpo o possibilita alcançar o autoconhecimento, levando o aluno a pensar para realizar. Além de atuar diretamente nos avanços no que diz respeito ao equilíbrio, precisão de movimentos, noção espacial, lateralidade, etc. Esse investimento pedagógico, representa a interferência direta no ganho de autoconfiança da criança.
Os encontros cheios de oralidade tem o papel de apresentar possibilidades que levem o aluno a desenvolver suas habilidades, capacitando-o de forma a conquistar seus objetivos.
O “aprender a aprender” se encontra perfeitamente nessa fase, onde ele será desafiado a pensar no que quer e como fará para conseguir e isso se dará por toda a vida. O espaço escolar e seus profissionais vão colaborando para uma caminhada prazerosa e repleta de trocas para que, no futuro, esse mesmo aluno, seja autossuficiente e se encontre confiante para se colocar diante de uma turma ou grande público, seja para fazer uma pergunta ao professor ou argumentar. A facilidade de interação, provavelmente não será mais a mesma, porém, outras habilidades terão sido desenvolvidas o tornando capaz de seguir diante de mais um desafio. O ser crítico e autônomo está se formando e nele vem a capacidade de refletir, escolher, opinar e resolver gerados com muitas experimentações sólidas.
Todo sucesso garantido desde o tempo em que ganhou ou perdeu um simples jogo, quando tinha cinco ou seis anos. Pois, foi assim que ele teve a autoestima alimentada e conseguiu se tornar potente. Ou, perdeu e teve que rever suas estratégias.
Junto a tudo isso tem o rasgar papel, brincar de massinha, colar e pintar… não existe receita para alfabetizar, mas sim, todo um preparo até a conquista da escrita e da leitura.
Porque é entoando cantiga de roda, que se percebe os sons e rimas diferentes, é copiando o passo do outro que se entende o que é repetir.
A primeira infância tem que ter lugar garantido dentro dos espaços educacionais apropriados, que deverão garantir que ali toda criança vá criar vínculos, trabalhar em equipe, testar a força, exercitar a memória, multiplicar, dançar, cantar, dividir, perder, ganhar, rir e chorar, ouvir e ter a vez garantida na hora de falar. Vai decifrar enigmas, receber carinho, ser contrariada, aprender a diferenciar compreensão e interpretação na prática e perceber que assim será mais fácil compreender os objetivos do comando. Ela vai ser feliz e todos perceberão que se trata de um percurso extremamente necessário para um aluno e que este momento precisa ter credibilidade em sua capacidade de transformação de vidas.
Elaine Alves